terça-feira, 19 de março de 2013
Nudez Ritual, Vestuário e Jóias por Nádia
"Nota: Este texto foi escrito por uma moça chamada Nádia em uma comunidade no orkut, a Nádia é uma pessoa incrível que tem um conhecimento sobre bruxaria e paganismo assombroso. Como pouca gente hoje em dia usa o orkut, resolvi re-publicar esse texto aqui, também pelo temor do velho orkut ser desativado e esse tipo de conteúdo se perder. Mandei uma mensagem para Nádia avisando sobre a re-publicação, mas é difícil contactar ela por internet (e pessoalmente). Se caso ela vier a se manifestar querendo a retirada do texto, assim o farei."
Nudez Ritual, Vestuário e Jóias
Se a memória da minha vida anterior estiver correta, na Irlanda medieval as Bruxas se vestiam, dentro do círculo, usando quatro cores: a Magistra e o Magister (ou quem estivesse atuando como Suma Sacerdotisa e Sumo Sacerdote de um ritual) de preto, o Homem de Preto de preto, o Homem Vermelho de vermelho, o Leste de vermelho, o Norte de preto, o Oeste de cinza, o Sul de branco (pra adaptar pra esse Hemisfério, seria Leste de vermelho, Norte de branco, Oeste de cinza e Sul de preto), e o resto do coven de branco. A Witch Queen e o Magus estariam de branco, se estivessem presentes. Todos de túnicas com mangas compridas. No pescoço, seriam usados, pelas mulheres, os Colares do Renascimento, de acordo com os graus: pra quem só tivesse uma iniciação, cornalina; pra quem tivesse duas iniciações, cornalina e âmbar; pra quem tivesse três, âmbar; pra Magistra, âmbar e azeviche; pra Witch Queen, azeviche; pra quem estivesse no período do sangue da Lua, coral vermelho. Cada colar de 40 ou 70 contas, em um fio triplo de seda. Na cintura, um cíngulo (uma corda de seda), usada segundo o grau: vermelho pra quem só tivesse uma iniciação, verde para duas iniciações, azul ou preto para três iniciações. As insígnias dos cargos eram mais ou menos as que Claudiney Prieto menciona em seu livro “Coven”. A coroa de triluna só poderia ser usada pela mulher que fosse incorporar a Deusa no ritual, geralmente a Magistra. Para usar a coroa, o cabelo era dividido em três partes, uma mecha na direita, uma mecha na esquerda e uma mecha atrás. A mecha da direita e a mecha da esquerda eram passadas por cima e por dentro da coroa, fazendo com que a sacerdotisa ficasse com um aspecto romano, e não de hippie.
O Magister às vezes tinha uma vestimenta especial, composta de uma espécie de saia feita de dois quadrados de pele de veado, uma galhada de chifres de veado na cabeça (amarrada na cabeça com fitas, meio incômoda), Botas Dionisíacas (o nome era exatamente esse) e um colar no pescoço era um pentagrama dourado. Tinha também uma coroa de folhas de carvalho. Jóias rituais só podiam ser usadas dentro do círculo, ou as Fadas as levariam embora para seu Reino. A Liga de Bruxa podia ser vermelha, verde ou azul (ou preta), podia ser usada por ambos os sexos, logo acima do joelho esquerdo, e o número de fivelas da Liga era o número de covens subordinados à pessoa. A cor da liga seguia a cor do cíngulo, e só era usada quando a pessoa estivesse usando meias, fora do círculo. Servia para identificar o portador como integrante da Bruxaria. Às vezes era usada por cima da calça. Se o clima estivesse quente, faríamos o ritual pelados, numa boa. Se o clima estivesse frio, só ficaríamos nus quando fôssemos usar Magia Sexual. De qualquer modo, os rituais só eram feitos numa clareira na floresta, nunca dentro de casa. Um exercício ou outro poderia ser feito dentro de casa, mas não um Sabá que se preze. Bom, isso é a minha memória. A seguir, exponho outros costumes e outras fontes.
No coven de Witchcraft de Lois Bourne, a cor da túnica segue as cores principais da aura da Bruxa. Diz Miranda Arroyos de Santiago que, dentro do círculo, os homens só podem usar jóias (quando forem usar metais) de ouro ou cobre, e as mulheres, de prata ou cobre. Li em algum lugar que os pingentes mágicos são chamados de Penton.
Scott Cunningham e Raymond Buckland dizem que as roupas devem ser feitas de tecido natural. Realmente, a energia flui melhor através de tecidos naturais. A exceção é a seda, que serve como isolante etérico e só deve ser usada para o Manto de Bruxa, que torna a Bruxa indetectável (“invisível”) aos que a procuram. O Manto de Bruxa costuma ser feito de seda negra.
Se estiver em uma emergência e não tiver seda, cubra-se com plástico, que o efeito é o mesmo. Scott costuma casar a intenção do feitiço com a cor da roupa ritual, e, como de hábito, permanece em sua postura de “qualquer coisa vale, desde que você se sinta bem”, enquanto que Raymond Buckland defende que você não deve usar as mesmas roupas que usa para os outros dias. Pode ser até mesmo jeans e camiseta, desde que sejam guardadas especificamente para o uso mágico. O titio Bucky recomenda que se evite o preto, porque “contribui para a imagem negativa que os Bruxos estão tentando evitar”. Ele também diz que ou todos ficam vestidos ou todos ficam nus, não se mistura as coisas e ninguém deve ser coagido a ficar nu. É claro que ninguém deve ser coagido a ficar nu, mas convenhamos que, se a pessoa não consegue ficar pelada nem quando está sozinha, precisa de terapia.
Os Gardnerianos costumam fazer seus rituais nus. Gardner referia-se à nudez ritual das ladies de seu coven como estar “skyclad”, “vestida de céu”. Ultimamente, uns picaretas por aí inventaram termos como “vestir-se de Sol” e “vestir-se de Lua”, mas até a Eddie Van Feu é capaz de reconhecer que isso é picaretagem. Os Gards têm exercícios para que a pessoa desenvolva sua capacidade de ficar pelada sem morrer de vergonha, sentindo-se à vontade e livre das roupas. Quando os Gards precisam fazer seus rituais em público, vestem-se de branco.
Agora, vamos falar de nudez ritual, porque é aí que está a polêmica. É estranho, porque ninguém nasce vestido, e o crime é não usar roupas! Na praia, uma pessoa pode usar um barbante com dois centímetros de pano no traseiro e a parte da frente do biquíni menor do que uma fatia de salame, e dois centímetros de pano em cada mamilo, e estará... vestida com um biquíni. E, provavelmente, essa mesma pessoa morrerá de medo de ficar pelada! Surreal o_0
Nudez Ritual
Fonte: Doreen Valiente, “Enciclopédia da Bruxaria”
O fato de algumas bruxas da atualidade acreditarem na antiga ideia da nudez ritual é uma das coisas que agentes sensacionalistas sentem prazer em divulgar. De vez em quando nós temos a chance de sermos surpreendidos com alguns artigos do jornal de domingo com vívidas descrições de “orgias de nudez para adoração do demônio” e outras coisas parecidas, que supostamente acontecem na Grã-Bretanha dos dias de hoje. No entanto, os covens mais antigos, que evitam publicidade inoportuna, de maneira geral não fazem grande insistência quanto à nudez ritual, embora eles não vejam nada de absurdo em sua prática. Para alguns ritos, em uma noite de verão bastante quente, ou em lugares fechados, próximo ao fogo, é um prazer estar sem as roupas. Para outros ritos, em lugares ao ar livre na escuridão do Halloween, ou à meia-noite da Lua Cheia em alguma floresta solitária, é muito mais razoável estar muito bem agasalhado.
A ideia da nudez como parte de um rito mágico ou religioso é encontrada por todo o mundo antigo. Nas famosas pinturas da Vila dos Mistérios, em Pompéia, a jovem garota que está sendo iniciada aparece vestida e com o rosto coberto por um véu, mas, ao fim da cerimônia de iniciação, ela é mostrada dançando nua, em um estado de êxtase religioso. Ela abandona todas as suas preocupações terrenas, todas as distinções de classe; ela é agora uma pessoa una com a natureza e com a vitalidade do universo. É essa liberdade e beleza que constituem o êxtase religioso para os pagãos.
Temos, no Antigo Testamento, em especial Samuel I, XIX-24, que os profetas antigos ou videntes de Israel profetizavam em um estado de nudez ritual. Nisso, eles eram como os Gimnosofistas, ou os Homens Sábios Nus da Grécia Antiga (do grego gymnos, nu, e sophos, sábio). Talvez, por essa razão, a idéia chegou até os romanos e gregos de que a nudez ritual era favorável para a realização de ritos mágicos. O que tinha começado como um costume religioso acabou tornando-se algo mágico.
Charles Godfrey Leland, em seu “Magia Cigana”, observou as freqüentes aparições da nudez ritual nos feitiços das Bruxas e no folclore em geral. Ele ressalta a semelhança entre as danças nuas selvagens dos antigos Sabás, como foram descritas por Pierre de Lancre, e os festivais dos ciganos, e ele nos faz lembrar que os ciganos vêm do Oriente, onde era comum acontecerem danças eróticas de mulheres em homenagem aos Deuses [os ciganos vêm da Índia. Foram chamados de Duques do Pequeno Egito porque o primeiro lugar onde apareceram na Europa foi a planície de Gype ou “Pequeno Egito”, que fica no Peloponeso, na Grécia.] Bruxas e ciganos há muito tempo apresentam esse tipo de semelhança.
Maimônides conta-nos que as jovens mulheres da Pérsia Antiga costumavam dançar na madrugada em homenagem ao Sol, nuas e cantando músicas; nós temos o relato dados por Plínio em sua “História Natural” sobre como as mulheres da antiga Grã-Bretanha também realizavam ritos religiosos sem roupas. Plínio considerava a Pérsia o lar dos Magi, o lar da magia, mas ele diz que os rituais eram tão bem realizados na antiga Grã-Bretanha que nós podemos ter ensinado magia aos persas, em vez do contrário. O costume da nudez ritual era certamente comum em ambos os lugares.
Relíquias da antiga crença no poder mágico da nudez podem às vezes ser encontradas no folclore. Por exemplo, existe uma ideia antiga de que uma mulher pode ser curada de esterilidade se caminhar nua por seu jardim de verduras na Véspera do Midsummer [21 de junho], uma data que, devemos nos lembrar, é a do Sabá das Bruxas.
Thomas Wright, em seu ensaio que acompanha a obra de Payne Knight, “Discourse on the Worship of Priapo”, tem uma interessante passagem com relação a esse assunto.
Nós acreditamos que em uma das primeiras edições da Mãe Brunch [?], donzelas que desejavam saber se seus amantes eram constantes ou não recebiam instruções para saírem exatamente à meia-noite na Véspera de São João [21 de junho], tirar suas roupas, ficando totalmente nuas e, nessa condição, caminhar em direção em uma planta ou um arbusto, o nome do qual era dado, e ao redor dela elas deveriam formar um círculo e dançar, repetindo ao mesmo tempo algumas palavras que aprendiam com suas instrutoras. Ao terminar a cerimônia, elas deveriam juntar folhas da planta em redor da qual tinham dançado, que deveriam levar pra casa e colocar sob seus travesseiros, e o que desejavam saber seria revelado a elas em seus sonhos. Nós já vimos em alguns estudos medievais sobre instruções para colher as plantas de modo que tivessem virtudes especiais, e se exigia que isso fosse realizado por jovens garotas em um estado semelhante de completa nudez.
Em “Aradia: O Evangelho das Bruxas”, os seguidores de Diana recebiam a ordem de estarem nus em seus ritos, em sinal de que se sentiam totalmente livres.
Por essa razão, muitos covens de Bruxas de hoje insistem em realizar seus ritos nus. Entretanto, existe uma grande diferença entre os climas da Itália ou do Oriente, e o clima das Ilhas Britânicas, como outras Bruxas indicam. Exigir a nudez ritual todas as vezes para as cerimônias das Bruxas na Grã-Bretanha hoje é simplesmente algo não-prático.
Além disso, muitas das Bruxas mais velhas sentem que toda a publicidade sobre danças de Bruxas nuas atrai um tipo de interesse errôneo sobre o que a tradição de fato significa, ou que deve significar como a Arte dos Sábios [por falar nisso, a etimologia de Witchcraft como “the Craft of the Wise”, a “Arte dos Sábios” é completamente falsa.]. As pessoas que estão à procura apenas de um pouco de excitação sexual procuram pela tradição, sem nenhum compromisso ou crença sérios. Muita ênfase, elas acreditam, foi colocada nessa característica da Velha Religião. Elas acham que, junto com a outra velha prática do flagelo ritual, a nudez ritual é algo que pode muito bem ser deixado no passado, sem qualquer detrimento para o culto das Bruxas.
[O Açoite Solar usado na Bruxaria faz parte do conjunto dos nove instrumentos rituais do Culto de Mitra, que inclui:
1- a Espada Flamígera; 2- o Athame; 3- a Bolline; 4- o Baculum (ou varinha de condão); 5- o Calix ou Quaich; 6- o Pentaculum; 7- o Turibulum; 8- o Açoite Solar; 9- o Cingulum. Pela minha memória, isso era usado pelas Bruxas irlandesas medievais, e também pelos Templários, e depois pelos filhotes dos Templários: os Maçons. Há que se lembrar que os soldados romanos que estiveram na Grã-Bretanha, e de modo geral todo o exército romano, eram do Culto de Mitra. O Açoite é feito em seda, serve para tirar os fiapos pretos que ficam grudados na aura e não deve machucar. Às vezes as Bruxas italianas substituíam o Açoite por galhos de arruda, e as Bruxas inglesas, por giesta, uma planta espinhenta. A aura deve ser “espanada”, gentilmente, com o Açoite, por 40 vezes. O modo de amarrar uma pessoa usando o cíngulo também veio do Culto de Mitra, e também pode ser encontrado entre Bruxas, Templários e Maçons. O crânio com tíbias cruzadas também é um traço comum entre Bruxas, Templários e Maçons. Se eu não tivesse a memória da minha vida passada, poderia pensar que Gardner pegou esse punhado de coisas da Maçonaria e enfiou na Bruxaria pra formar a Wicca. Mas eu tenho minha memória, pra saber que tudo isso já estava na Bruxaria medieval. Isto é, se a minha memória estiver correta.]
O que, naturalmente, deixa-nos com uma pergunta: “a reação do público quanto à idéia das Bruxas dançando nuas é uma crítica das Bruxas ou uma crítica da mentalidade popular, depois de quase 2000 anos de civilização cristã?”
O verdadeiro espírito da Bruxaria não tem nada em comum com as banais fantasias sexuais de escritores de filmes e da imprensa marrom (jornais de fofocas e cenas de escândalo). Tampouco ele é como o ocultismo super-intelectualizado tanto do Ocidente como do Oriente, que exige muitas palavras longas para se expressar.
O verdadeiro segredo não pode ser expresso em palavras. Eles são muito mais questões de sentimento e de intuição, do que do intelecto. A alegria e a hilaridade de dançar nu é uma maneira de aproximar-se desse espírito.
No entanto, atuais “expositores” da Bruxaria não são os primeiros a se sentirem excitados com a idéia de Bruxas nuas. Uma série de artistas do passado teve o prazer de desenhar Bruxas como jovens mulheres voluptuosas, nuas e impudentes. Um importante artista desse gênero foi Hans Baldung Grun, e foi um de seus desenhos que deu a Albrecht Dürer a idéia para a famosa pintura de Dürer, “The Four Witches”.
Esse maravilhoso trabalho de arte, datado de 1497, mostra quatro mulheres de seios fartos tirando suas roupas para um rito de Bruxas. O propósito da figura, nem sempre compreendido, é este: as mulheres tiraram todas as suas roupas com exceção de seus toucados, e esses toucados, todos diferentes, mostram as várias classes da sociedade das quais elas vêm.
Há a senhora mais alta [no sentido de alta sociedade], com uma touca mais elaborada com um material delicado sobre a sua cabeça. Há a cortesã, com seus cabelos soltos e esvoaçantes, presos somente por uma grinalda de folhas. Há a respeitável esposa de um morador da cidade, com um toucado liso e surrado, que cobre todo o seu cabelo de forma modesta. Por último, mostra a mulher camponesa, com apenas a ponta final de seu xale ou véu sobre a cabeça. O artista está dizendo que todas elas são irmãs na Bruxaria, e que as Bruxas vêm de todas as classes da sociedade. Quando elas estão nuas, encontram-se como iguais, e as distinções sociais são esquecidas. [Pelo mesmo motivo, não deveria haver saleiro na mesa no banquete após o Sabá. Segundo Doreen, a posição do saleiro na mesa era um indicativo de classe social.] #
Vamos agora falar da vestimenta comum, de fora do círculo. O titio Bucky costuma chamar as não-Bruxas que se vestem de maneira gótica de “Bruxas Wannabe”, porque parece que elas estão querendo dizer “I wanna be witch!” (Eu quero ser Bruxa!”. Como ele diz em “Wicca: um estilo de vida, religião e arte”: “Naturalmente encontrará muitas não-Bruxas, ou Bruxas “wannabe” que se escondem por trás de pentagramas e outros símbolos somente para parecer diferentes. (Em geral são as que pintam as unhas de preto e usam uma maquiagem grotesca.)” Apesar do desagrado do titio Bucky, você é livre pra usar o que quiser fora do círculo. Dentro do círculo, o vestuário segue regras (quaisquer que elas sejam), mas, fora do círculo, você pode usar o que quiser.
Em “O Poder da Bruxa”, Laurie Cabot diz que toda Bruxa usa um pentagrama em algum lugar de suas roupas, mas isso não é uma regra. É apenas algo que tendemos a gostar, não uma obrigação. E pentagramas não são o único símbolo mágico que existe no mundo: também há luas, triskeles, triquetras, labrys, espirais, dragões... Scott Cunningham, assim como eu, diz que jóias rituais devem ser usadas somente dentro do círculo, e que outras jóias místicas podem ser usadas fora do círculo. Por exemplo: se você tiver um pentagrama de uso ritual, guarde-o pra usar somente dentro do círculo, e tenha outro pentagrama para usar fora dele. Perdi meu bracelete favorito por não seguir essa regra.
Laurie Cabot costuma andar pelas ruas de Salem vestida com uma túnica negra e jóias místicas (embora atualmente more na cidade ao lado). Já o titio Bucky abomina essa atitude e faz questão de usar terno, dizendo que vestimentas rituais são para serem usadas somente dentro do círculo, ou perdem sua função.
O vestuário costuma ser considerado expressão pessoal. Vamos o que expresão pessoal realmente significa.
O círculo mágico é um lugar de liberdade, mas não é a liberdade que as pessoas pensam; a liberdade dentro do círculo é a mesma liberdade da cerimônia do chá japonesa: através da submissão absoluta às regras, nos libertamos de nós mesmos. As pessoas, ao longo da vida, constroem uma imagem de si mesmas: “gosto disso, não gosto daquilo, sou assim, sou assado.” Mas isso é uma imagem construída, não é o verdadeiro você. Quando você se submete, voluntariamente, a uma quantidade gigantesca de regras, quando toda essa sua parte que diz “sou assim, sou assado” é ocupada pelas regras, então sua auto-ilusão cessa; a imagem que você construiu de você mesmo apaga, por alguns instantes, e seu verdadeiro eu aparece. A submissão às regras é um truque para fazer aparecer o seu verdadeiro eu. Um dos maiores obstáculos ao progresso espiritual é quando a pessoa se agarra aos seus “gostos pessoais”, à sua imagem auto-construída, ao seu eu falso que diz “sou assim, sou assado”. Seu verdadeiro eu é aquele que você não conhece. Esse é um ensinamento comum à Wicca Gardneriana, à Witchcraft e à Stregheria. É um dos ensinamentos mais importantes.
Imagine um cara que chegasse no kung-fu e, em vez de aprender, resolvesse “imprimir seus gostos pessoais” ao kung-fu, para tornar o kung-fu “com a sua cara”. No fim das contas, esse sujeito ganhou alguma coisa? Não. Permaneceu o mesmo pastel que era no começo. Se, ao invés disso, ele permitisse que o kung-fu o mudasse, ele se tornaria uma pessoa diferente do que era no começo: ele mudaria, teria algum progresso espiritual, ganharia alguma coisa. A mesma coisa acontece na Bruxaria.
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1 comentários:
Gostei do seu artigo. muito bom.
Obrigado por partilhar.
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